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Prefeita cola cartazes em unidades de saúde e pede que pacientes reclamem de mau atendimento

Cartaz diz que funcionários que não tratam bem os pacientes devem pedir exoneração. MPT-PB diz que vai abrir inquérito para apurar excesso. Sindicato dos médicos repudiou atitude da prefeita.
 prefeita, mas ela não quis gravar entrevista.

Você que é funcionário do hospital pago com recurso público, trate bem as pessoas, se não for para atender bem o paciente, não venha trabalhar ou peça exoneração, ninguém procura o hospital para passear, com certeza tem alguma necessidade. OBS: Me ligue ou mande mensagem em caso de reclamação, você que é usuário, tomarei as providências na hora!”, diz o texto do cartaz, que contém ainda o número do telefone do serviço “Alô Prefeita”.

A reportagem da TV Cabo Branco entrou em contato com o número fornecido pela prefeita no cartaz para saber como funciona o serviço.

Repórter: “Alô, boa tarde, com quem eu falo?”
Atendente: “Isabele Ferreira, assessora da prefeita e responsável pelo ‘Alô Prefeita’”.
R: “Aqui quem fala é Hebert Araújo, jornalista da TV Cabo Branco. Estamos fazendo uma reportagem sobre o serviço e verificando a eficiência do sistema, se estão atendendo. Este número fica disponível quando, por exemplo, hoje é domingo à tarde, ele funciona o tempo inteiro?”
A: “Todos os dias da semana”.
R: “Vocês já receberam algum tipo de denúncia, reclamação, desde que foram colocados os cartazes?”
A: “Já sim, não só sobre saúde, mas também sobre outras situações. A gente está tentando resolver da melhor forma possível”.

Moradores do município e usuários do sistema de saúde comentaram sobre o cartaz, aprovando a medida. “Eu achei uma indireta para os funcionários. Porque a realidade hoje em dia é você chegar no hospital, entrar e ver funcionários mexendo no celular, o atendimento péssimo”, diz o operador de máquinas Maycon Douglas.

A opinião também é compartilhada pelo metalúrgico Marcondes Fernandes. “Eu achei de suma importância, porque se alguém realmente procura um hospital é porque está com necessidade. A gente precisa ser bem tratado pelos funcionários”.

Apesar dos elogios de alguns moradores da cidade, o cartaz recebeu críticas por parte de entidades que representam os servidores.

O sindicato dos médicos lamenta a atitude da prefeita de Bayeux que, de forma disfarçada, tenta resolver os problemas da saúde do município se voltando contra os profissionais de saúde e de apoio. A gente sabe que os problemas na verdade são falta de materiais, de medicamentos, de segurança no ambiente de trabalho. Isso sim leva a população à insatisfação”, diz Márnio Costa, presidente do Sindicato dos Médicos da Paraíba (Simed-PB).

O sindicato dos servidores municipais de Bayeux também se pronunciou sobre o caso. “Nós, enquanto sindicato, informamos a todos vocês, servidores efetivos, prestadores, comissionados, que estaremos tomando as medidas cabíveis para coibir esse tipo de prática ameaçadora contra os trabalhadores”, diz Germana Vasconcelos, presidente do sindicato.

O Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB) informou que vai abrir um inquérito para apurar se houve excesso por parte da prefeita. “Em tese, o gestor pode instaurar uma ouvidoria no âmbito do município para averiguar como é que ocorre o tratamento de seus servidores em relação aos usuários do sistema. Todavia, o que não pode haver são posturas abusivas como cobranças de metas inatingíveis, exposição à situações humilhantes, péssimas condições de trabalho, não fornecimento de equipamento de proteção individual. Ou seja, toda vez que o administrador torna o ambiente de trabalho opressivo ou inadequado à saúde do trabalhador, seja ela física ou psíquica, existe sim um assédio moral organizacional, então o MPT vai instaurar um inquérito e averiguar com cautela o que de fato está ocorrendo”, explicou o procurador do trabalho Eduardo Varandas.

Fonte: G1PB