Apenas cinco procuradores destacados para integrar a força-tarefa da “lava jato” em Curitiba foram responsáveis por quase metade dos gastos com diárias e passagens ao longo dos sete anos que durou o arranjo informal. O levantamento foi feito pelo Poder360, com base em dados da Lei de Acesso à Informação (LAI).
No total, foram gastos R$ 7,5 milhões com diárias e passagens durante o período. Metade dessa quantia (R$ 3,8 milhões) foi usada para reembolsar despesas de cinco procuradores: Januário Paludo (que reembolsou R$ 712.113,87 em diárias e R$ 165.142,75 em passagens); Antonio Carlos Welter (R$ 667.332,31 em diárias e R$ 246.869,51 em passagens); Orlando Martello Junior (R$ 609.396,56 em diárias e R$ 154.147,25 em passagens); Diogo Castor de Mattos (R$ 545.114,53 em diárias e R$ 25.054,49 em passagens); e Carlos Fernando dos Santos Lima (R$ 505.945,81 em diárias e R$ 143.598,03 em passagens).
Essa desproporção gritante se deve ao fato de que eles foram requisitados de outras cidades para trabalhar na “lava jato”. Muitos deles nunca se mudaram definitivamente para Curitiba e passaram anos gerando gastos com os deslocamentos.
Em resposta aos questionamentos do repórter Guilherme Waltenberg, do Poder360, o Ministério Público Federal se limitou a dizer que os gastos estão dentro da legalidade, mas não explicou por que os procuradores não se mudaram para Curitiba, para reduzir essa quantia.
Viagens
O levantamento da reportagem ainda mostra que, até 2020, a força-tarefa registrou 2.585 deslocamentos nacionais e internacionais. Ao exterior, foram 49 viagens, entre elas 13 para os Estados Unidos, 13 para a França e seis para a Suíça.
Os gastos podem não parecer tão expressivos, considerando os orçamentos nacionais para o Judiciário, mas são mais uma seta apontando para a capacidade do consórcio de Curitiba de converter idealismo em dinheiro
Fonte: ConJur