Brasil ultrapassou marca de 3 mil mortes por Covid em 24 horas. Em pronunciamento nesta terça, presidente disse que governo ‘garantirá’ mais vacinas; 6% da população foi imunizada.
O presidente Jair Bolsonaro se reunirá na manhã desta quarta-feira (24) com chefes de poderes, ministros e governadores para discutir medidas de combate à pandemia.
O encontro ocorre um dia após o país ter atingido o recorde de mais de 3 mil mortes em 24 horas. É o pior momento no Brasil.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que vê com “grande preocupação” a situação do Brasil, o país é o segundo em maior número mortes, atrás somente dos Estados Unidos.
Em pronunciamento nesta terça (23), Bolsonaro disse que estão “garantidas” 500 milhões de doses de vacina até o fim deste ano. O presidente omitiu, no entanto, a informação de que o Ministério da Saúde reduziu em quase 10 milhões o total de doses previstas para abril.
Segundo o consórcio de veículos de imprensa, com base em dados fornecidos pelas secretarias estaduais de Saúde, 6,04% da população do país foi vacinada até as 20h21 desta terça-feira, o que representa 17,1 milhões de doses aplicadas.
Ainda segundo o consórcio, 12,7 milhões de pessoas receberam a primeira dose, e 4,3 milhões, a segunda dose até agora.
Conforme o Planalto, o encontro desta quarta tem como objetivo “fortalecer o ambiente de união nacional para prevenção e combate ao vírus da Covid-19, além de ser um espaço para discussão de ações institucionais conjuntas”.
O encontro está marcado para as 8h no Palácio do Alvorada. Segundo a Presidência, são aguardadas na residência oficial da Presidência da República as seguintes autoridades:
Hamilton Mourão, vice-presidente da República;
Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF);
Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado;
Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados;
Augusto Aras, procurador-geral da República;
Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas da União.
Também devem participar da reunião os seguinte governadores:
Romeu Zema (Minas Gerais);
Ronaldo Caiado (Goiás);
Renan Filho (Alagoas);
Wilson Lima (Amazonas);
Ratinho Júnior (Paraná);
Marcos Rocha (Rondônia);
Também devem participar o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o ex-titular da pasta Eduardo Pazuello, além dos demais 21 ministros do governo.
Momento da pandemia
A reunião acontece em um momento de intensas críticas a Bolsonaro pela condução na pandemia.
A OMS, por exemplo, tem cobrado que o governo atue de forma “séria”; empresários e economistas cobram medidas como distanciamento social e vacinação; e prefeitos querem que o Bolsonaro “assuma de uma vez por todas” a coordenação nacional das medidas contra a Covid.
O cenário é de hospitais superlotados em todo o país, com pacientes nas filas de leitos de UTI e relatos de médicos de que faltam insumos e itens de proteção. Governadores têm adotado medidas restritivas para tentar conter a circulação do coronavírus.
O agravamento do quadro fez Bolsonaro mudar parte de seu comportamento sobre a Covid-19:
O presidente não costumava usar máscara, criticava o uso do material, mas passou a usar o item de proteção em eventos públicos;
Bolsonaro já afirmou que “tem idiota” que pede mais vacinas, também disse que não tinha que procurar fabricantes, mas agora diz que o governo garantirá imunizantes para toda a população.
Por outro lado, o presidente mantém as críticas ao distanciamento social e tem descartado a adoção de medidas restritivas em âmbito nacional.
Bolsonaro chegou a acionar o STF para tentar derrubar decretos dos governos do Distrito, Federal, Bahia e Rio Grande do Sul, mas o relator do caso, Marco Aurélio Mello, rejeitou o pedido.
‘Maior colapso’ da História
A situação do Brasil é descrita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) como o “maior colapso sanitário e hospitalar da história” do país.
“A fim de evitar que o número de casos e mortes se alastrem ainda mais pelo país, assim como diminuir as taxas de ocupação de leitos, os pesquisadores defendem a adoção rigorosa de ações de prevenção e controle, como o maior rigor nas medidas de restrição às atividades não essenciais”, diz a fundação.
Fonte: G1