O Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Norte bateu recorde e fechou 2023 em R$ 101,7 bilhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento real foi de 4,2%, percentual que deu ao Estado a maior expansão econômica do Nordeste e superou a média nacional de 3,2%. O desempenho foi impulsionado, principalmente, pela indústria de transformação e pelo setor de energia elétrica e gás, que registraram altas de 23,1% e 11,9%, respectivamente.
Apesar do avanço da indústria, a estrutura produtiva potiguar permanece profundamente ancorada no setor de serviços, responsável por 72,4% de todo o valor gerado no estado. O Valor Adicionado Bruto (VAB) totalizou R$ 90,46 bilhões, sendo R$ 65,59 bilhões oriundos de serviços, R$ 21,14 bilhões da indústria e R$ 3,84 bilhões da agropecuária.
Entre os serviços, destacam-se administração pública (R$ 26,5 bilhões), comércio e reparação (R$ 9,8 bilhões), outros serviços (R$ 15,7 bilhões) e atividades imobiliárias (R$ 7,8 bilhões). Na indústria, além das atividades de transformação, também tiveram peso energia elétrica e gás (R$ 6,18 bilhões), indústrias extrativas (R$ 3,64 bilhões) e construção (R$ 3 bilhões).
A gerente do Sistema de Contas Regionais do IBGE, Alessandra Soares da Poca, destacou que esses segmentos tiveram papel central na dinâmica econômica potiguar. Segundo ela, o avanço reflete o bom momento da indústria alimentícia, do refino de petróleo e da produção de energia eólica — setor no qual o RN segue líder nacional. “As indústrias de transformação e as atividades de eletricidade e gás foram as que mais contribuíram para o crescimento no volume do PIB potiguar”, afirmou.
PIB per capita
O estudo também aponta que o Rio Grande do Norte registra hoje o maior PIB per capita do Nordeste, estimado em R$ 30.804,91 — acima da média regional (R$ 27.681,97). Apesar disso, o Estado permanece com o quarto menor PIB absoluto da região, atrás de Bahia, Pernambuco e Ceará. O PIB total nordestino somou R$ 1,513 trilhão em 2023.
Em relação ao conjunto do País, a economia potiguar manteve participação de 0,9% do PIB nacional, que chegou a R$ 10,943 trilhões.
Crescimento moderado no longo prazo
O levantamento também analisa a evolução histórica da economia estadual. Entre 2002 e 2023, o volume do PIB do RN cresceu 51,4%, o segundo menor avanço do Nordeste — acima apenas da Bahia (49,8%). A expansão média anual foi de 2,0%, abaixo da variação nacional acumulada de 58,2% no período.
Apesar disso, o resultado de 2023 indica aceleração importante em relação ao comportamento recente da economia potiguar, que vinha sendo pressionada por baixos investimentos, estagnação industrial e perda relativa de dinamismo no setor de serviços.
Energia, Indústria e Agro se destacam
O peso das indústrias de transformação e da energia elétrica sinaliza uma mudança gradual na composição econômica do estado, historicamente dependente do setor público e do comércio. A indústria alimentícia, associada à exportação de produtos como pescados e beneficiados, e o refino de petróleo tiveram impacto direto na expansão industrial. Já o segmento de eletricidade e gás consolidou mais um ano de forte desempenho, impulsionado pela geração eólica.
Na avaliação do IBGE, a combinação desses fatores, somada ao reaquecimento dos serviços, explica o salto do PIB potiguar em 2023. O resultado reforça ainda o papel da matriz energética como vetor de competitividade, ao lado da diversificação industrial e da recuperação do consumo interno.
Com participação de 4,2%, a agropecuária segue como o menor componente da economia potiguar. O setor somou R$ 3,84 bilhões no VAB de 2023. Apesar da expansão de atividades como fruticultura irrigada e pecuária leiteira, o PIB do campo não acompanhou o ritmo de crescimento industrial e de serviços no estado.
Números
Participação das atividades econômicas no PIB do RN


Tribuna do Norte