O Rio Grande do Norte foi classificado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) como o 11º estado mais inovador do Brasil e o líder em inovação no Nordeste. Entre 2014 e 2024, o estado elevou seus indicadores, subiu duas posições no ranking nacional e ultrapassou Pernambuco, consolidando-se como referência regional. No cenário nacional, São Paulo ocupa a primeira colocação. De acordo com o INPI, a inovação nos estados brasileiros passou por profundas transformações ao longo da última década. No RN, especialistas apontam os investimentos em pesquisa tecnológica como fator determinante para o avanço, enquanto o governo estadual destaca o protagonismo das energias renováveis na ascensão do estado no ranking. O estudo avaliou 74 indicadores, organizados em sete eixos temáticos, incluindo Economia, Negócios e Tecnologia. Além do resultado do RN, que tem nota 0,216, a região Nordeste ainda apresentou uma dinâmica de muita oscilação. Pernambuco, que tem o hub Porto Digital, caiu uma posição em 10 anos, ficando em 13º. Alagoas saiu de último (27º) para 21º, e Piauí entrou na lista dos 20 – foi de 21º para 18º. Contudo, nenhum estado nordestino figurou entre os 10 primeiros colocados, seja em 2014, seja em 2024. Sob diversos pontos de vista, RN é visto como potência De acordo com o secretário estadual do Desenvolvimento Econômico, da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (Sedec/RN), Silvio Torquato, a adesão do RN ao Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação foi importante para esse resultado. A Lei Complementar nº 716/2022, citada por ele, instituiu a Política Estadual do Desenvolvimento Científico, Tecnológico e de Inovação do RN, entre outras disposições. Além disso, Torquato diz que alguns programas de ciências tecnológicas, como pesquisas aplicadas em energias renováveis, por exemplo, estavam paralisados e agora estão sendo tocados com apoio do Governo do Estado. Isso pode ter contribuído para a melhoria em inovação do RN. Já o professor Ivonildo Rêgo, diretor geral do Instituto Metrópole Digital (IMD) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), acredita que o estado pode conquistar ainda mais indicadores positivos de inovação com maiores investimentos em pesquisa e tecnologia. Ele destaca o papel basilar dos institutos de pesquisa e das universidades, que são berços para projetos de impacto. Para ele, contudo, é preciso mais apoio do poder público: “Se o poder público estabelecesse políticas que ajudassem a acelerar essas condições, ajudassem a aproveitar todo o potencial do estado, com uma política pública adequada para a área de ciência, tecnologia e inovação, não tenho dúvida de que a gente era para estar em um outro patamar de liderança regional e nacional”, defende. A professora do IMD/UFRN Iris Pimenta, diretora adjunta do Metrópole Parque, diz que o Metrópole Parque é uma referência na área de negócios inovadores e contribui para o contexto que traz o RN como o estado mais inovador do Nordeste. Além de fomentar o ensino, com cursos de iniciação científica, graduação e pós-graduação, o IMD tem uma incubadora com cada vez mais empresas e startups. “O IMD trabalha a conexão entre os nossos pesquisadores com as empresas, de uma forma geral, na busca de desenvolver tecnologia. Ele se torna essa referência aqui no nosso estado e traz esses olhares para o estado, nessa perspectiva de ter realmente um polo de tecnologia, um polo de inovação”, pontua a professora. Sedec: retomada de projetos “[Sobre] os programas de ciência e tecnologia, a Fapern [Fundação de Amparo e Promoção da Ciência, Tecnologia e Inovação do RN] estava paralisada há cerca de 10 anos, cheia de problemas, e nós reativamos”, diz Silvio Torquato. Questionado sobre se os investimentos atendem à demanda dos projetos de tecnologia, ele afirma que essa demanda tem sido cada vez maior, porém, a posição do RN como o primeiro estado nordestino em inovação indica um “caminho certo” nos investimentos. Para o professor Ivonildo Rêgo, no entanto, os investimentos do poder público ainda não são suficientes. Confira abaixo. Torquato ainda comemora os esforços para a criação do Parque Científico e Tecnológico Augusto Severo Pax, em Macaíba, com apoio de recursos do Banco Mundial. “Cada vez mais, a Fapern está desenvolvendo programas de apoio à ciência e à tecnologia. Tudo que se tem feito na parte de ciências tecnológicas e inovação são ações que colocam o Rio Grande do Norte em lugar de destaque aqui no Brasil, nessa parte”, o secretário frisa. O Parque Tecnológico do Pax homenageia Augusto Severo, macaibense tido como um dos “pais” da aviação. “É uma associação privada na qual o Governo do Estado, através da Sedec, desenvolve projetos e apoia pesquisadores com recurso do Fundeb, nas áreas de saúde, indústria 4.0 e energias renováveis”, explica Torquato. Cenário que demanda mais investimento Na avaliação do diretor geral do IMD/UFRN, o Rio Grande do Norte é uma referência nacional e regional em inovação, mas tem uma base que precisa de investimentos para crescer ainda mais. Nesse sentido, o estado conta com instituições de pesquisa e universidades, além de um instituto federal presente em diversas regiões. Para Ivonildo Rêgo, a produção de tecnologia, e consequentemente inovação, nesses espaços é expressiva. Ele chama a atenção para o levantamento do INPI, que usa indicadores de propriedade intelectual, como registro de patentes e de softwares. De acordo com Rêgo, isso elucida a importância das instituições acadêmicas. O Instituto Metrópole Digital, segundo ele, está na vanguarda do ecossistema de inovação e fomenta essa cultura no estado. “Trabalhamos com a área de tecnologia da informação, que é transversal a todos os campos do conhecimento e está na base da atual revolução tecnológica e da chamada economia do conhecimento”, explica. O professor conta que a instituição começou suas atividades com 27 empresas, que geravam cerca de 400 empregos, e hoje já comporta 140 empresas e 33 startups, gerando quase 3 mil empregos a mais. Além disso, ele afirma que há uma efervescência de iniciativas no RN para promover a inovação, como o Pax, em Macaíba, e projetos da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa). Conforme o professor, o maior desafio para tornar o estado ainda